Noto em cada um deles, uma breve sintonia. Cada qual se destaca por uma forma diferente de pensamento, de ação. Onde estou é calmo. A brisa das árvores não machuca os olhos. Entre as folhas alaranjadas do outono, notam-se fracos indícios de sol lá no alto, o quê torna o ambiente mais confortável. Ao longe, um garoto alto, de cabelos loiros jogados ao vento brinca com seu cão, um São Bernardo que se ficasse de pé, me passaria, mesmo eu sendo o mais alto ser que já encontrei até então. Vejo mulheres não tão jovens passando com carrinhos de bebê. Conversam distraidamente, mal percebendo que o chocalho do pobre garoto irá se atracar com o paralelepípedo. Assovio numa tentativa quase falha de alertar o quê ia acontecer. Se não fosse pelo olhar canibal da mulher que acompanhava a mãe em seu passeio com o bebê, teria sido tarde demais. Embora, ela estivesse mais interessada em saber se meu assovio tinha segundas intenções, assim como o olhar dela tinha em meu corpo. Crianças passam correndo, provavelmente brincando de pique esconde. A garotinha corre com os longos cabelos loiros jogados ao vento, tentando alcançar sua vítima, um jovenzinho de cabelo encaracolado. Assim que atinge sua presa, ambos rolam na grama, fazendo com que as folhas secas fiquem grudadas em sua roupa, pele, cabelo. Vejo que há um sentimento forte nesse laço, embora sejam apenas crianças. Algo a mais um dia irá acontecer. Perco a atenção no que acontece quando passos firmes de um salto alto chegam até o banco em que me encontro. Sem dizer uma palavra sequer, senta com delicadeza ao meu lado, deixando um enorme espaço entre nós. Veste-se de forma elegante. Um suéter creme com listras azuis. Um jeans preto um tanto justo. Óculos de leitura e em suas mãos, uma edição de "O Capital". Seria mais uma esquerdista em busca de ar fresco, paz e um bom lugar para leitura? Contive-me de qualquer comentário acerca de seu gosto literário, e voltei à apreciação do lugar. Um jovem casal se aproxima. A moça usava sapatilhas vermelhas e um vestido de verão. Branco com rosas vermelhas, o que a fazia ficar extremamente linda. Já o rapaz, um suéter preto com uma calça jeans azul e um All Star. Ambos caminhavam lentamente, ela com a cabeça apoiada em seu braço enquanto ele dizia algo baixo demais para somente ela escutar. Como que meus olhos não pudessem acompanhar, ela sai em disparada na frente do rapaz, o que o assusta. Por fim, ele se tranquiliza, quando vê o sorriso de criança no rosto de sua amada. Ela o convida com seu indicador, e mesmo com relutância, ele sai atrás de sua companheira, tentando não correr e parecer um tolo apaixonado. Um belo casal que mais a frente, se abraça e se beijam.
Por fim, uma cena que me fez fechar o livro.
Um casal de idosos se aproxima. Um senhor com boina marrom, camisa branca por fora das calças cáqui e sapatos italianos, usando uma bengala, acompanha calmamente sua esposa. Admiram os pássaros no céu. As folhas laranja que caem lentamente de encontro ao chão. Param e admiram as crianças, imaginando talvez seus netos. Ao encontrar um banco, ele a ajuda a se sentar com calma. Ambos têm em suas mãos os mesmos livros que estavam lendo no dia em que se reencontraram. O Capital, de Karl Marx.
Voltar neste lugar, é imaginar todas as mesmas cenas como no dia em que cada uma aconteceu.
Eu nunca consegui escapar de você em nossas brincadeiras de criança.
Você sempre me surpreendia com seus sustos de sair correndo quando eu te contava algo sério.
Você sumiu.
E me apareceu lendo o mesmo livro que eu, calada como sempre, nem pediu licença para se sentar.
Você voltou.
Para viver toda uma vida ao meu lado.
Por fim, uma cena que me fez fechar o livro.
Um casal de idosos se aproxima. Um senhor com boina marrom, camisa branca por fora das calças cáqui e sapatos italianos, usando uma bengala, acompanha calmamente sua esposa. Admiram os pássaros no céu. As folhas laranja que caem lentamente de encontro ao chão. Param e admiram as crianças, imaginando talvez seus netos. Ao encontrar um banco, ele a ajuda a se sentar com calma. Ambos têm em suas mãos os mesmos livros que estavam lendo no dia em que se reencontraram. O Capital, de Karl Marx.
Voltar neste lugar, é imaginar todas as mesmas cenas como no dia em que cada uma aconteceu.
Eu nunca consegui escapar de você em nossas brincadeiras de criança.
Você sempre me surpreendia com seus sustos de sair correndo quando eu te contava algo sério.
Você sumiu.
E me apareceu lendo o mesmo livro que eu, calada como sempre, nem pediu licença para se sentar.
Você voltou.
Para viver toda uma vida ao meu lado.
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